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O Blog sobre Medicina Dentária com informações sobre: Higiene, Educação, Prevenção e Tratamentos Atuais; relacionados a Saúde Oral de adultos e crianças. criado em 09/03/2010
O uso de metanfetamina (meta, crack ou cristal) pode resultar em problemas dentais severos tão previsíveis que a decomposição tem sido chamada de "boca de meta". Os efeitos da metanfetamina duram horas, por isso os usuários não escovam os dentes ou passam fio dental. Eles experimentam boca seca e anseiam por alimentos e bebidas açucaradas. A deterioração resultante é tão severa que muitos dentes são perdidos.
A metanfetamina (MA) é uma droga estimulante do sistema nervoso central (SNC), muito potente e altamente viciante, cujos efeitos se manifestam no sistema nervoso central e periférico. A metanfetamina tem-se vulgarizado como droga de abuso devido aos seus efeitos agradáveis intensos tais como a euforia, aumento do estado de alerta, da auto-estima, do apetite sexual, da percepção das sensações e pela intensificação de emoções. Por outro lado, diminui o apetite, a fadiga e a necessidade de dormir.
Apesar dos efeitos agradáveis que pode fornecer, a MA produz tolerância; isto é, o prazer que proporciona desaparece mesmo antes dos seus níveis plasmáticos diminuírem significativamente. Deste modo apresenta um elevado risco de desenvolver toxicidade, na medida em que os usuários tentam manter os seus efeitos através de utilizações repetidas, em curtos espaços de tempo. Os principais mecanismos de toxicidade estão descritos e podem traduzir-se em toxicidade aguda (imediata, após uma única utilização) ou crônica (decorrente do uso continuado, manifesta-se tardiamente).
As reações adversas mais frequentes incluem arritmias cardíacas, insônia, irritabilidade e agitação nervosa. De forma menos usual pode-se observar dor abdominal, náuseas, vômito, diarréia, anorexia, perda de peso, obstipação, diminuição da função sexual, alterações na libido, disfunção erétil, fraqueza, cefaléia, hiperhidrose, taquicardia, visão turva, tonturas, infecções no trato urinário e xerostomia.
Raramente também se observa um estado mental alterado, enfarte do miocárdio, dermatite alérgica, rash cutâneo, ansiedade, cardiomiopatia, acidente vascular encefalico (AVE), dor no peito, depressão, febre, hipertensão, alterações de humor e psicose. Na gravidez, a utilização de MA pode ser fatal para a mãe e resultar em aborto espontâneo ou malformações para o feto.
Durante muito tempo, o atendimento e a assistência odontológica curativa e preventiva para as crianças, iniciava-se aos 3 anos de idade. Segundo estudos mais recentes, a primeira visita ao dentista deveria acontecer por volta dos 12 meses de idade. Várias pesquisas realizadas demonstraram que, já no primeiro ano de vida do bebê, existe a presença de hábitos inadequados como, por exemplo, a ausência de procedimentos de higiene bucal (68,66%) e amamentação noturna, no peito e/ou mamadeira (86,57%). Vários estudos comprovaram que quase 6% dos bebês possuíam uma alta freqüência no consumo de açúcar; 33% foram contaminados pelas mães através da saliva e cerca de 13% apresentam lesões cariosas já no primeiro ano de vida. Assim fica ainda mais reforçada a questão da prevenção da saúde bucal. O sucesso em obter crianças livres de cárie, é evidência da implementação precoce da prática preventiva e que a cárie tipo mamadeira é um exemplo de um inadequado programa de saúde bucal.
A prevenção da doença cárie em bebês inicia-se com a educação dos pais. Como os pais usualmente não têm acesso às informações para orientá-los em relação à saúde bucal de seus filhos, exceto através da conversa com dentistas, a saúde bucal das crianças está na relação direta do grau de informação dos pais. Outros, no entanto, não têm consciência da necessidade dos cuidados precoces dos dentes, sendo observado que a maioria das crianças sequer foram examinadas por dentistas a menos que tenham alcançado a idade escolar, quando o exame dentário é realizado. A visita precoce além de estabelecer uma relação amigável com a introdução dos cuidados para a saúde bucal para criança e pais, estabelece decisões críticas e fundamentais com respeito a padrões de amamentação, suplementação de flúor e programa de higiene bucal.
Materiais de característica muito estética, como as resinas compostas e as cerâmicas, são muito valorizados. Este fato, sem dúvida, condiz com a necessidade dos tempos de hoje, mas é importante reconhecer que as características biológicas do cimento ionômero de vidro são também fundamentais.
O CIV teve seu auge nos anos 80, quando surgiu como um material restaurador revolucionário: adesivo e capaz de reduzir significativamente o risco de cárie secundária. Passada esta euforia inicial os clínicos começaram a se render novamente aos atrativos da resina e abandonaram os ionoméricos, sob a argumentação que este material deixava a desejar em três aspectos importantes: estética, resistência e praticidade na técnica de uso.
Atualmente contra-indicamos a aplicação do CIV para restaurações do tipo classe II e V, já que nestes casos a estética é primordial. Entretanto, ocorrem situações clínicas em que a liberação de flúor (para auxiliar na remineralização e diminuir a solubilidade de esmalte e dentina) e a ação antimicrobiana (para reduzir o risco de sensibilidade pós-operatória e também inibir cárie secundária ou recorrente) são propriedades importantes. Neste aspecto é que o CIV ganha relevância e pode ser aplicado em diversas situações, que podemos exemplificar:
1 - Forrador cavitário: Muito embora, atualmente, seja muito preconizada a técnica do ataque ácido total (hibridização), dispensando-se o uso de forradores, podem ocorrer momentos em que a proteção da parede de fundo pode ser considerado um procedimento de segurança. São as situações decorrentes de processo agudo de cárie penetrante, onde a dentina apresenta-se muito permeável. Nestes casos a colocação de uma base ionomérica permite uma ação biológica, sem comprometer a adesão, oferecendo mais vantagens que o cimento de hidróxido de cálcio, que deve ser indicado somente em cavidades com suspeita de micro-exposição pulpar.
2 - Selamento temporário de cavidades: Tanto na técnica do ART (que é utilizada em órgãos públicos) como na adequação do meio bucal (mais usada em clínica particular), o CIV é o material de primeira escolha, superando os tradicionais cimentos a base de óxido de zinco e eugenol, que são bons seladores, mas não liberam fluoretos.
3 - Selamento de fóssulas e fissuras: Muito embora os estudos indiquem um alto índice de deslocamento do CIV, quando utilizado para este fim, está provado que o simples fato dele permanecer por algum tempo na superfície oclusal, já é suficiente para tornar a região bem menos susceptível ao acometimento de cárie, já que resíduos ionoméricos, não-visíveis clinicamente, permanecem por tempo indeterminado no interior das fissuras, protegendo contra a instalação de cárie, diferentemente dos selantes tradicionais, que são mais resistentes ao deslocamento, mas quando este ocorre, o risco de cárie retorna praticamente aos níveis iniciais.
4 - Redução da hipersensibilidade cervical: A aplicação do CIV em uma área abrasionada ou decorrente de abfração pode reduzir bastante a hipersensibilidade, mesmo que o deslocamento venha a ocorrer a médio prazo. Neste caso, o CIV teria muito mais uma função terapêutica do que propriamente restauradora, e poderia ser reaplicado periodicamente até que a hipersensibilidade fosse eliminada, e então permitida uma restauração classe V de resina composta.
5 - Cimentação de próteses: Pacientes muito susceptíveis a cárie secundária na área radicular (como os idosos) devem ter suas restaurações cimentadas com um material de característica biológica, como o CIV, mas é importante esclarecer que os princípios de retenção friccional e, principalmente, de estabilidade devem ser respeitados, já que a característica adesiva do CIV não é suficiente para reter uma prótese.
Outras aplicações como cimentação de bandas, preenchimento de cavidades tipo túnel e uso geral em odontopediatria, são indicadas para o uso do CIV. Entretanto, como podemos concluir este material praticamente não é mais utilizado como um restaurador, no sentido pleno da palavra, e sim como um auxiliar importante, e com muita versatilidade.
Ao adquirir um produto, deve-se valorizar um produto que apresente facilidade de manipulação e presa mais rápida (de modo a agilizar o procedimento). É importante ressaltar que um ionomérico classificado como “restaurador” pode ser aplicado para todas as indicações relatadas acima, e apenas para cimentação devemos utilizar um específico para este fim.
Os híbridos resina/ionômero apresentam praticidade quanto ao uso e melhor estética, mas são mais caros e não contemplam a relação custo/benefício. Por este motivo não são essenciais, muito embora sejam a melhor opção para a utilização como forradores da resina composta
Ricardo Carvalhaes Fraga
Professor Adjunto-Doutor de Clínica Integrada – UFF