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O Blog sobre Medicina Dentária com informações sobre: Higiene, Educação, Prevenção e Tratamentos Atuais; relacionados a Saúde Oral de adultos e crianças. criado em 09/03/2010
Intensamente dolorosa e momentânea. É trajando essas características que a hipersensibilidade dentária dá os sinas de sua presença, causa uma dor aguda e logo vai embora. Aprenda os motivos de sua existência, os tratamentos disponíveis e como se prevenir para que esse problema não chegue até seus dentes.
A hipersensibilidade dentinária, popularmente conhecida como sensibilidade nos dentes, é bem mais comum do que se pensa. Estima-se que pelo menos 25 % da população adulta sofra com o problema.
Segundo o professor Roberto Hayacibara, de Periodontia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), os dentes ficam hipersensíveis principalmente quando ocorre a exposição de parte da raiz.
"O dente é composto pela coroa dentária, que é revestida pelo esmalte, que não tem sensibilidade, e pela raiz dentária, que é formada por dentina, tendo microcanalículos que vão até à polpa dentária, que tem inervação, daí a hipersensibilidade", explica.
São vários os fatores que resultam na exposiçãio da raiz, mas dentre os principais, o professor cita a doença periodontal (denominada de periodontite e que compromete a estrutura óssea que suporta os dentes), o trauma por escovação incorreta ou força excessiva durante a escovação e o mal posicionamento dos dentes.
"Uma outra causa de hipersesibilidade que tem aumentado muito são as exposições de dentina em função de desgaste dentário por parafunção, o chamado bruxismo, que se caracteriza pelo ato de apertar e ranger os dentes durante o dia e principalmente no período da noite durante o sono", completa.
Motivos
Temida pela sua capacidade de transformar um modesto gole de água gelada em um grande desconforto, engana-se quem pensa que a sensibilidade nos dentes é apenas sentida com a ingestão de alimentos frios.
"Alimentos ácidos como saladas temperadas com limão ou vinagre e frutas cítricas como abacaxi e laranja podem desencadear a hipersensibilidade. Por outro lado, alguns tratamentos odontológicos podem desenvolver hipersensibilidade passageira, como por exemplo o clareamento dentário, que utiliza produtos que acabam por ‘abrir’ os microcanalículos dentinários. Outro exemplo é o tratamento periodontal, que raspa as raízes dentárias que estão com tártaro", diz Hayacibara.
Completando alguns dos motivos que podem gerar o problema, a dentista Ana Lúcia Domingues acrescenta, ainda, a utilização de cremes dentais com abrasivo e o refluxo gastroesofágico por causa da acidez bucal.
Previnindo-se do problema
Como a hipersensibilidade dentinária pode ocorrer devido a um grande número de fatores, Hayacibara explica que não há um protocolo específico para a prevenção.
De qualquer forma, a recomendação é que haja uma orientação adequada de higiene bucal desde criança, avaliação profissional quando do surgimento de doença periodontal mais agressiva, correção das má-posições dentárias, e a utilização de placa de mordida ou aparelhos ortopédicos nos casos debruxismo.
"Aliado a isso não se pode esquecer do principal: fazer uma avaliação periódica com seu cirurgião-dentista. A prevenção só funciona se mantida periodicamente. É uma questão cultural, assim como se vai ao cabeleleiro semanalmente para manter um cabelo bonito e bem cuidado, você deve ir ao cirurgião-dentista pelo menos duas ou três vezes ao ano para manter seus dentes bonitos e saudáveis", aconselha o professor.
Incidência
25% É a estimativa da porcentagem dos adultos que sofrem com a hipersensibilidade dentinária.
Fonte:O diário
A Odontologia e os Pacientes HIV/AIDS
A epidemia da Aids completou três décadas, e junto com ela, ocorreram muitas conquistas e muitas perdas, e , ainda, respostas à epidemia que mexeram com aspectos sociais, culturais, crenças religiosas e verdades científicas.
A luta contra a Aids está longe do fim. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 40 milhões de pessoas estejam contaminadas pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) no mundo e que 16 mil novas infecções ocorrem a cada dia, sendo a quarta causa de morte no mundo. Tal mortalidade vem caindo significativamente em função das terapias antirretrovirais existentes atualmente e da adesão a essas terapias.
O Cirurgião Dentista tem um papel relevante frente a essa epidemia, pois 90% dos pacientes infectados pelo HIV, apresentam, a qualquer momento durante o curso da infecção, manifestações bucais, podendo ser ele ainda o primeiro a detectar e diagnosticar lesões indicadoras da Aids. Para tanto, deve o Cirurgião Dentista estar treinado e capacitado sobre as intercorrências dessas patologias, sabendo diagnosticá-las e tratá-las a contento.
Desde o início dos anos 80, a epidemia de Aids vem sofrendo mudanças importantes que nos permite dividi-las em quatro momentos distintos. O primeiro, caracterizado pela infecção majoritária de homossexuais ou bissexuais masculinos (HSH). O segundo, marcado pelo incremento significativo da categoria usuário de droga injetável (UDI), juvenilização e heterossexualização da epidemia (HET). No terceiro momento, um avanço acentuado de transmissão heterossexual, e o crescimento nos casos de mulheres soropositivas, e em conseqüência a ocorrência da transmissão vertical, aumentando o número de crianças nascidas portadoras do vírus HIV. No quarto, e atual momento da epidemia, assiste-se um avanço da Aids nas pessoas da terceira idade, deste modo acima dos 60 anos de vida.
No começo da epidemia, os pacientes muitas vezes não viviam mais do que dois anos após desenvolver a doença. Atualmente ao estudar o modo como o vírus ataca as células imunológicas, os cientistas desenvolveram drogas que evitam a multiplicação do vírus HIV. Usadas em combinações conhecidas como “coquetel”, essas drogas ajudam os pacientes a viverem por um período maior de tempo e com melhor qualidade de vida, mas passíveis de múltiplas manifestações adversas relacionadas às medicações, principalmente os inibidores de proteases, dentre ela a Síndrome Lipodistrófica, que é caracterizada pelas alterações metabólicas: a dislipidemia, a resistência insulínica, a hiperglicemia, a redistribuição da gordura corporal, sendo esses fatores determinantes para as doenças cardiovasculares.
A s manifestações bucais da infecção pelo HIV são freqüentes e podem representar os primeiros sinais clínicos da doença. Podem ser indicadoras de comprometimento imunológico, minimizando o tempo de evolução da doença até a fase de Aids. Desde o início da Aids, muitas manifestações bucais foram relacionadas à infecção pelo HIV. Diversos autores relatam que os estudos dessas manifestações bucais são fundamentais para auxiliar o entendimento da epidemiologia da Aids.
D iversas pesquisas, desde o início da síndrome da imunodeficiência adquirida até os dias atuais, comprovam a prevalência de manifestações orais em pacientes soropositivos para o HIV, apresentando como as mais freqüentes: candidíase pseudomembranosa, candidíase eritematosa, queilite angular, leucoplasia pilosa oral, gengivite, periodontite, , aftas, herpes, sarcoma de Kaposi e linfoma não Hodgkin.
A candidíase é a manifestação bucal oportunista mais freqüente entre os pacientes soropositivos para o HIV. Freqüentemente aparece, como o primeiro sinal da infecção e reflete o declínio do sistema imunológico e o agravamento da doença. A candidíase bucal é a designação genérica atribuída à infecção da mucosa bucal causada por fungos do gênero Candida. Como em outros hospedeiros imunodeprimidos, as manifestações clínicas variam entre o aspecto pseudomembranoso, eritematoso, leucoplásico e queilite angular.
A leucoplasia pilosa oral, foi descrita como uma lesão branca, identificada principalmente em bordas laterais de língua, podendo ser uni ou bilateral, de limites imprecisos, de superfície plana, corrugada ou pilosa, não removível quando raspada, podendo variar em tamanho de milímetros a centímetros, causada pelo vírus Epstein Barr.
Outros vírus além do Epstein Barr, como o citomegalovírus (CMV), o vírus do herpes simples tipo I, e o vírus simples tipo II, e o vírus Varicella Zósters, podem causar lesões na mucosa bucal desses pacientes. O herpes simples e o herpes zóster, apesar de serem relativamente mais comuns, levam, no paciente imunodeprimido pelo HIV, a um quadro clínico mais severo que o usual, com lesões extensas e prolongadas.
Os problemas periodontais mais relacionados à imunodepressão causada pelo HIV são o eritema gengival linear e a periodontite necrosante, ambos de diagnóstico clínico. O eritema gengival linear é caracterizado por uma mancha ou halo avermelhado que se restringe a gengiva marginal e que não apresenta sinais de inflamação ou associação com a presença de placa bacteriana. A periodontite necrosante é uma doença periodontal de rápida progressão e de difícil manejo, cuja principal característica é a necrose dos tecidos periodontais (tanto o periodonto de inserção quanto o de sustentação), com a presença de exsudato purulento e sintomatologia dolorosa importante. As manifestações gengivais e periodontais, como o eritema gengival linear e a periodontite necrosante, não possuem etiologia bem definida, mas a grande maioria dos trabalhos publicados evidencia que o perfil microbiológico é similar ao de paciente HIV negativos imunocompetentes portadores de periodontopatias, ainda que quantitativamente diferente. As patologias periodontais no indivíduo imunodeprimido pelo HIV tendem a ser mais agressivos do que na população soronegativa, sendo que a freqüência de sua expressão clínica está relacionada ao aumento da imunodepressão.
As duas neoplasias malígnas mais freqüentes em pacientes imunodeprimidos pelo HIV, também incluem os herpesvírus em sua etiologia. O sarcoma de Kaposi, que representa a neoplasia malígna de maior incidência e cuja ocorrência é condição indicadora de Aids, teve sua etiologia associada a um novo vírus, o HHV-8 (human herpesvírus 8).
Outras infecções, comuns como o condiloma acuminado, a histoplasmose, a criptococose, a paracoccidioidomicose, a tuberculose, e a sífilis, são muito freqüentes. Com o início da terapia antirretroviral altamente potente (HAART) muitos pesquisadores verificaram a redução acentuada na ocorrência de infecções oportunistas. A prevalência das manifestações bucais também sofreu um decréscimo significativo com o advento da HAART.
O cirurgião dentista tem um papel importante no diagnóstico das manifestações oportunistas, no estadiamento clínico do paciente e no diagnóstico da infecção pelo HIV. Mas muitos pacientes ainda desconhecem essa importância, assim como, desconhecem a necessidade de retornar periodicamente ao consultório dentário e noções básicas sobre saúde bucal.
Crédito: Prof. Dr. Elcio Magdalena Giovani
Agradeço ao Prof.Dr. Elcio, a autorização para a publicação do seu Artigo no OdontoGeral